quinta-feira, 10 de maio de 2012

MÃE-DEUSA

A Ti, Ó Mãe Terra ofereço minha alma e meu amor,
A Ti, Ó Deusa Sagrada, Criadora de todas as coisas
Mãe de Tudo o que Há,
Doadora da Vida, que a partir do Caos criou a Luz e a Harmonia
Mãe é Teu Nome Sagrado
Que Invoco neste momento
Em que busco Teu divino Olhar
Que a Tua Voz vibre na minha garganta
Que Sua Voz vibre e ressoe
Através da Voz de todas as Tuas Filhas
Tuas Sacerdotisas que lhe servem e lhe amam
Mãe Negra do Tempo,
Face que esta por detrás de todas as formas
Nos Te imploramos
A Sua bênção, a Sua Força
Diante de todas as injustiças
E blasfémias feitas a Ti
e as Tuas Filhas
Zelai por nós Mãe Terra
Que Assim seja

segunda-feira, 7 de maio de 2012


REMOTOS SÍMBOLOS DO FEMININO

O significado das estampas na linguagem da DeusaPor Patrícia Douat*
"(...) Durante muito tempo acreditou-se que as pinturas rupestres espalhadas pelas cavernas da Europa eram uma manifestação artística dos primeiros homens modernos, belas mas com um significado puramente estético. Este tipo de pensamento já não é mais aceito como dogma. Muitos especialistas ainda se abstém de análises mais profundas mas o trabalho de certos arqueólogos nos dão uma interpretação do significado da proto-escrita dos povos europeus e do Oriente Próximo há mais de 30.000 anos atrás.

Vejamos o simbolismo de algumas das estampas que para nós sempre foram "simples e descomplicadas". O zig-zag, um motivo comum do Paleolítico Superior que aparece associado a símbolos antropomórficos, pássaros, peixes e imagens fálicas é um símbolo da água, uma força generativa. Já a estampa em forma de M sugerem uma afinidade com o zig-zag e representam a humidade feminina, o fluído aminiótico. Seu significado aquático parece ter sobrevivido até a época do antigo Egito, como é indicado pelo uso do hieróglifo M, mu, que significa água. O Paleolítico data de 40.000 a 10.000 anos antes de Cristo.
Outras estampas que possuem uma forte ligação com os poderes da Deusa Pássaro e com a força das água primordiais são as espirais, serpenteios, redes e o xadrez. As estampas serpenteantes, por exemplo, aparecem no período Paleolítico Superior como uma metáfora para água. A Deusa Pássaro era a fonte da humidade generatrix. Unia o Céu e a Terra. É a que trazia a regeneração da natureza após o escuro inverno.


Já as listras são símbolos de coisas propícias, abundância e benevolência e possuem, também, uma conotação aquática. Círculos estriados, por sua vez, representam os olhos divinos da Deusa, um simbolismo associados com os ritos da primavera e verão, símbolos de centralização e fonte da vida. As espirais associam-se com as energias da serpente, a água e o sol. As espirais, estampas serpenteantes e poás são símbolos intercambiados que representam a Divina Fonte Generatrix, responsável pela existência e manutenção da vida.

A serpente, ou as estampas serpenteantes ou coleantes, é um símbolo seminal. É encontrada em todos os temas da Velha Europa. É a exultação da vida terrena. Simboliza a criação da vida, fertilidade, abundância e a regeneração da energia vital. Uma estampa coleante na vertical simboliza a força vital ascendendo ou aumentando. Um símbolo interconectado com a árvore da vida e a coluna cervical.As serpentes são os espíritos protetores do lar, da família e animais domésticos, com especial ligação com as vacas. Asseguram a fertilidade, abundância e riqueza. Simboliza a continuidade da vida entre as gerações. Neste aspecto ela é a Deusa Serpente, como sua imagem de deusa Pássaro possui um enorme poder, é Aquela que dá a vida, que tudo sabe, a Guardiã da Água e do Leite da Vida.

Outra estampa interessante é o barco estilizado, ou o Barco Cerimonial. O barco e a serpente são símbolos intercambiados. Representam a força regenerativa da vida. Já as estampas "bucranianas" ou representativas da cabeça ou chifre dos bois, já mencionadas acima, são um símbolo de regeneração, de morte transformando-se em vida, reencarnação. O boi neste caso é um aspecto da fonte mística da vida, uma manifestação das águas primordiais. Neste aspecto a deusa é a Deusa da Morte e Regeneração, a deusa velha, símbolo da fertilidade da estação, das águas frutíferas da vida.

Existe um grande numero de estampas que se relacionam com energia ou tempo cíclico. Espirais, serpentes, círculos, crescentes, animais enfileirados ou em círculo, chifres, ganchos, mãos e pés. Estas espantas simbolizam energia e são estimuladores do processo de crescimento, conhecimento e renovação. São símbolos que combatem a estagnação e promovem a continuidade e perpetua renovação do ciclo cósmico. são símbolos importantes em situações difíceis como em caso de doenças e perigo quando os poderes da força da vida estão em jogo.

Estampa em quartos, por exemplo quatro crescentes em oposição ou estampas repetidas em quatro estágios opostos são representações da unificação dos quatro pontos cardeais ou das quatro estações. Sugerem conceitos da centralização das forças cósmicas e da unificação dos opostos.

As estampas em forma de pente, isto é: uma linha horizontal da qual sobem várias outras paralelamente na vertical, são símbolos de proteção contra doenças e perigos, e possuem poderes curativos.

A simbologia da Deusa é criada pela compreensão do ciclo da vida e estações. A observação da eterna transformação da natureza, das fases da lua e sua representação da Deusa como jovem, madura e velha. A imortalidade é assegurada pela força regenerativa da natureza e este conceito de regeneração e renovação é claramente expressado no simbolismo das estampas mais ordinárias."

**Patrícia Douat é especialista em psicodinâmica das cores, bem como no estudo de mitos e culturas arcaicas.

Encontrado IN: 
ÊXTASE DA DEUSA - Marcela . Lalla . 

terça-feira, 3 de abril de 2012


Os simbolismos ocultos do ovo

Mirella Faur
Na cosmologia da Deusa o ovo é um símbolo universal da criação do mundo pela Grande Mãe, manifestada como uma Deusa Pássaro. Os antigos egípcios consideravam o Sol como o ovo dourado posto pela deusa Hathor, na sua manifestação como A Gansa do Nilo. Nos rituais egípcios o próprio universo era visto como o ovo cósmico criado no início dos tempos.
Os mitos gregos associavam diversas deusas com o ovo cósmico, por exemplo Leto, que chocou um ovo misterioso do qual nasceram Apollo, representando o Sol, e Ártemis simbolizando a Lua. O historiador Hesíodo relata como a Mãe da Noite (o vazio ou abismo cósmico, o espaço infinito), que antecedeu à criação e gerou todos os deuses, criou o Ovo do Mundo e de suas metades surgiram o céu e a Terra. Em outra versão, deste ovo (identificado com a Lua) surgiu Eros (o amor), que colocou o universo em movimento e contribuiu para a proliferação da vida..
Para os hindus o ovo cósmico é posto por um enorme pássaro dourado, enquanto no mito de criação finlandês, a deusa Ilmatar, a Criadora que flutuava sobre as águas primordiais, abrigou sobre seu ventre um ovo posto por um grande pássaro e que, ao quebrar, formou o céu e a Terra.
Os ovos são símbolos da Lua, da Terra, da criação, do nascimento e da renovação. A iniciação nos Mistérios Femininos é vista como um renascimento, análogo ao ato de sair da casca. O círculo, a elipse, o ovo, o ventre grávido são símbolos da plenitude misteriosa da gestação e da criação. O centro de um círculo é um espaço protegido e seguro, semelhante à escuridão do ventre e do ovo.
Inúmeras estatuetas representam as deusas neolíticas associadas com a Lua ou o ovo. No folclore de vários povos europeus existem crenças ligadas ao ovo, considerados símbolos de fertilidade, humana ou animal. Até o século 17 na França, a noiva devia quebrar um ovo na soleira da sua casa para assegurar sua fecundidade. Os antigos eslavos e alemães untavam seus arados antes da Páscoa com uma mistura de ovos, farinha, vinho e pão, para atrair assim abundância para as colheitas. Na Inglaterra antiga, crianças percorriam as casas no Domingo de Ramos pedindo ovos; recusar este pedido era um mau presságio para os moradores.
Usavam-se ovos também nas oferendas para os mortos, colocados juntos deles no caixão ou sobre os túmulos. Os judeus da Galícia consumiam ovos cozidos ao retornarem dos enterros pra retirar as energias negativas. Na Noite de Walpurgis (30 de abril), nas montanhas Harz da Alemanha, consideradas local de reunião das bruxas, os casais enfeitados com guirlandas de flores dançavam ao redor de árvores decoradas com folhagens, fitas e ovos tingidos de vermelho e amarelo.
Na Romênia, Rússia e Grécia ovos cozidos ou esvaziados do seu conteúdo são até hoje decorados com motivos tradicionais, dados de presente ou usados em competições no domingo da Páscoa. Ganhava aquele que conseguia quebrar os ovos dos concorrentes batendo de leve neles, mas sem rachar o seu. Os romanos destruíam as cascas dos ovos que eles tinham comido para evitar que fossem feitos feitiços com eles.
A presença de ovos nos sonhos deu margem a variadas interpretações, os que apareciam inteiros prenunciavam boa sorte, casamento, gravidez ou herança; se fossem quebrados anunciavam brigas, perdas e separações. A divinação com ovos – chamada de ovomancía - era praticada pelas mulheres européias nos Sabbats Samhain, Yule ou Litha, deixando cair em um copo com água a clara e fazendo vaticínios pelas formas criadas.
Resquícios do mito da deusa celta Ostara, padroeira da fertilidade e renovação da Natureza celebrada no Equinócio da primavera, permaneceram nas crenças populares e persistem até os dias de hoje, apesar das pessoas desconhecerem sua origem. Os símbolos de Ostara eram o ovo e a lebre, sem relação entre si, mas ambos significadores de criação e proliferação. Com o passar do tempo, surgiram os contos do Coelho da Páscoa e a sua inexplicável associação para os leigos com a festa cristã e os ovos de chocolate.

Fiar e tecer, as artes mágicas femininas

Mirella Faur
Fiar e tecer são antigas artes mágicas femininas e aparecem nos mitos de várias deusas como expressão dos Seus poderes proféticos, criativos e sustentadores dos ciclos lunares, das estações e da vida humana. Tendo o fuso como símbolo de poder, a Deusa como Fonte Criadora controlava e mantinha a ordem cósmica, os ciclos naturais e a continuidade do mundo. Fiar é um processo cíclico assim como também é a alternância das fases lunares, das estações, da vida e da morte, do início e do fim. Inúmeros mitos descrevem deusas tecendo com fios sutis o céu, o mar, as nuvens, o tempo, os elementos da natureza, os ciclos e os destinos dos seres humanos.
As Senhoras do Destino de várias tradições - conhecidas como as Parcas gregas, as Moiras romanas, as Nornes nórdicas ou as Rodjenice eslavas - tinham como símbolo mágico o fuso, a roda de fiar, os fios e a tessitura. Elas fiavam, mediam e cortavam o fio da vida, entoando canções que prediziam os destinos dos recém nascidos e apareciam como deusas tríplices ou tríades de deusas idosas, envoltas por mantos com capuz ou vestidas de branco, preto ou com idades diferenciadas pelas cores das suas roupas (branco, vermelho, preto).
A confecção de roupas de algum tipo de material tecido fazia parte das atividades femininas desde a descoberta paleolítica de preparação de fios, torcendo pequenos filamentos de fibras naturais. Com este método eram preparadas cordas para amarrar, redes, armadilhas, roupas e cobertas. A descoberta do ato de fiar pode ser comparada em importância nas artes domésticas com a introdução da roda nas atividades agrícolas.
A mais antiga tessitura foi encontrada na estatueta neolítica de Lespugue, datada de 20.000 anos a.C. cuja figura feminina chamada de Vênus usa um “avental” de fios torcidos amarrados com uma tira na cintura. Os fios com as extremidades desfiadas indicam a sua origem vegetal ou animal, modelo semelhante à saia de uma jovem, cuja múmia da Idade de Bronze (14000 a.C.) foi encontrada em um tronco de madeira nos pântanos de Dinamarca e que está exposta atualmente no Museu Real de Copenhague.
Seus ossos desapareceram, mas seus cabelos, roupas e objetos de madeira foram preservados pela acidez do solo. A saia era do tipo envelope, com tiras trançadas e presas na cintura e terminando com uma fileira de nós amarrando conchas e pedrinhas, que tilintavam com o balanço dos quadris ao andar. Acredita-se que este tipo de saia - encontrada também em outros túmulos - não era para o uso comum, possivelmente tinha um significado místico e usada em ritos de passagem (menarca, casamento, gravidez). Resquícios deste tipo de avental e enfeites se encontram nos trajes folclóricos dos Bálcãs e nas saias com franjas das camponesas de Macedônia, cujos bordados têm formas de losangos, reconhecidos símbolos de fertilidade.
Cintos decorados e usados com objetivos mágicos são citados na Ilíade (coletânea de poemas de Homero), como no mito de Hera, que pegou emprestado o cinto mágico de Afrodite (cujos bordados enfeitiçados despertavam desejo e amor) para seduzir Zeus. Cintos longos tecidos de lã vermelha e com franjas nas extremidades - chamados zostra - eram heranças preciosas das mulheres européias, que passavam de mãe para filha e eram usados nos partos difíceis, sendo colocados nos ventres das parturientes, assim como era feito com a reprodução do cinto mágico da deusa celta Brigid (chamado brat) que facilitava a concepção e o parto.
Temos, portanto, exemplos de roupas tecidas com fins mágicos de proteção e fertilidade desde tempos muito remotos, usadas pelas próprias deusas e que podiam ser “emprestadas” em ocasiões especiais. Na Grécia as deusas teciam e encorajavam as mulheres nessa arte mágica, como comprovam as lendas de mulheres sobrenaturais Circe e Calipso, os mitos da deusa Ártemis, Afrodite e principalmente Athena, exímia tecelã, que ensinou a tecelagem para Penélope e Helena e teceu as roupas de Pandora, após ela ter sido criada pelos deuses.
A lã era o principal material usado na Grécia e no Norte europeu, enquanto no Egito as roupas eram feitas de linho e cânhamo, o linho tendo sido usado em Anatólia desde 7000 anos a.C. e destinado para roupas, toalhas e faixas para embalsamar múmias.
No Norte europeu a tecelagem era praticada desde a Idade de Bronze usando lã, cânhamo, linho ou outras fibras, resultando em tecidos de boa qualidade como comprovam os achados dos túmulos e sítios arqueológicos. Durante pelo menos 9000 anos as mulheres passaram os meses de invernos fiando e tecendo e seus tecidos serviam como moeda de troca no intercâmbio com outros países. Somente no século 12 o tear horizontal substituiu o fuso e a roda de fiar e confrarias masculinas foram aos poucos assumindo a tecelagem em grande escala. Porém, as mulheres continuaram a fiar e tecer nas suas casas, mantendo assim vivas as lendas e tradições da tecelagem como uma arte mágica feminina.
Um antigo método de tecer, usando pequenas tábuas furadas no meio e giradas com as mãos, era usado pelas videntes da Irlanda para prever o resultado das batalhas e os cataclismos naturais. O fuso era usado também como arma feminina nas disputas domésticas para se defenderem da violência masculina, além de ser o principal meio para ganhar o seu sustento. Além de roupas e lençóis, as mulheres teciam também tapeçarias para as paredes, com cenas míticas ou de guerra e que adornavam palácios e templos. Essas cenas tecidas pelas mulheres de várias épocas históricas e diversos lugares, não apenas divulgavam os mitos quando expostas em datas festivas, mas influenciaram a sua interpretação histórica posterior.
Na Escandinávia, Alemanha e os países bálticos permaneceram várias superstições e proibições ligadas ao ato de fiar, bem com certos dias dedicados às deusas, quando era proibido fiar, tecer ou costurar, talvez para proporcionar um merecido descanso após a labuta diária. As lendas das deusas Holda, Perchta, Holle, Latvia, Habetrot - que puniam as preguiçosas com seus fusos - na verdade serviam como incentivo para que o trabalho fosse bem feito e prometiam recompensas para aquelas que se esmeravam na sua arte. A deusa padroeira das fiandeiras existiu em várias tradições como a egípcia (Ísis), alemã (Holle, Perchta), basca (Mari), lituana (Laima), italiana (Befana), eslava (Baba Yaga, Mokosh), japonesa (Amaterassu), grega (Ártemis, Athena), nórdica (Frigga), báltica (Saule, Sunna, Rana Neida), além da Rainha das Fadas de França, Espanha, Irlanda, Inglaterra.
As figuras sobrenaturais - que persistiram nas tradições femininas até o século 20 - guardam certas características das antigas deusas da fertilidade, cujas bênçãos eram procuradas por moças e mulheres adultas e cuja ira se direcionava contra aqueles que as exploravam ou maltratavam. As histórias contadas nas longas e escuras noites de inverno preservaram o legado ancestral, que permanece nos contos de fadas e nas imagens das fadas benévolas ou vingativas. Em diversas bracteate de ouro do século 6 encontradas na Alemanha e usadas como amuletos, aparecem figuras femininas segurando objetos ligados ao fiar e tecer, reminiscências das deusas pré-cristãs.
No tempo dos Vikings o predomínio das permanentes batalhas nas lendas associou as atividades de fiar e tecer com os presságios dos desfechos dos combates e dos sinais do destino. Em um poema norueguês do século 11 descreve-se uma cena dramática em que doze Valquírias tecem entranhas humanas sobre um tear feito de espadas e caveiras e cuja canção pressagia o fim funesto de uma batalha e a morte de muitos guerreiros. O poema talvez mesclasse as figuras das Nornes com as Valquírias, que também aparecem em outros mitos com a missão de prever ou determinar o resultado das batalhas e a escolha daqueles que iriam morrer. Ecos das deusas tecelãs existem no cristianismo, como são vistas nas cenas da Anunciação de vários afrescos, onde Maria aparece segurando um fuso e o fio passa iluminado acima da cabeça de Jesus, enfatizando a ligação entre o ato de fiar como símbolo do destino, da vida e do nascimento da criança divina.
O papel importante desempenhado pela tecelagem na vida das mulheres ao longo dos milênios e o processo pelo qual o fio é criado pelo giro do fuso e da roda, seguido do ato de tecer vários padrões em diversas cores, o tornaram um símbolo mítico efetivo na criação da ordem cósmica e na determinação dos destinos humanos. Tecer é um ato criativo e expansivo, fios, cordas, redes e tecidos foram usados como símbolos da criação do mundo e da vida humana. As mulheres antigas o associavam com o nascimento da criança para um futuro desconhecido, um elo evidente entre tecer e parir, o cordão umbilical sendo o elo que ligava a mãe ao filho e que devia ser cortado para que uma nova vida começasse, cujo fio também iria ser cortado pela tesoura das Senhoras do Destino no momento da morte. As esperanças e os medos atávicos das mulheres perante os mistérios da gravidez e do parto as fizeram apelar, honrar e reverenciar a Deusa como a Grande Tecelã da vida e da morte.
A herança folclórica da tecelagem foi ignorada e mal compreendida por muito tempo pelos historiadores homens, apesar de ser a mais valiosa arte feminina até o começo da revolução industrial no século 18, que levou a seu esquecimento no mundo moderno. Nos contos de fada o fuso é mais do que uma ferramenta, ele é o elo mágico entre o mundo sobrenatural e o humano; em várias lendas as moças pediam a ajuda das fadas madrinhas untando o fuso com seu sangue menstrual e depois “pulavam em um poço ou entravam em uma gruta”. Estes misteriosos atos são lembranças dos antigos rituais xamânicos em que se ofertava algo a Deusa e depois se buscava a conexão com um transe, que dava a sensação de cair no vazio ou penetrar no mundo das sombras.
As tecelãs atraiam criaturas sobrenaturais (fadas, elfos, goblins, anões) que as ajudavam obter prosperidade, por isso aquelas que sabiam tecer eram mais cobiçadas como parceiras pelos homens do que as bonitas, pois a sua arte iria garantir a sobrevivência nas épocas difíceis. Por ser o fuso um símbolo feminino e atribuído a várias deusas, criou-se a associação entre fiar, seres sobrenaturais e magia. Os teutões atribuíram às mulheres atributos mágicos devido ao uso dos feitiços e encantamentos tecidos com habilidade nas noites de lua cheia ou nova, enquanto os saxões chamavam suas mulheres de “tecelãs da paz”.
Fontes muito antigas descreviam a deusa anciã como Tecelã e Senhora do Destino, enquanto as Senhoras Brancas se deslocavam nas noites de lua cheia carregando fusos, predizendo a sorte ou dando mensagens às mulheres reunidas nos círculos de menires ou próximo aos locais de poder da terra. As camponesas européias deixavam meadas de lã ou linho nestes lugares junto com oferendas de pão e manteiga; na manhã seguinte o pão tinha desaparecido e os fios tinham sido tecidos. As mulheres da tribo nativa dos sami da Lapônia untavam suas rodas de fiar com sangue menstrual, pedindo as bênçãos da deusa Rana Neida para a produtividade do seu trabalho.
Vários monumentos megalíticos de Bretanha, Inglaterra, Portugal, Bretanha, Espanha, Irlanda, Malta são consideradas obras das Fadas Gigantes, que carregavam as pedras nas suas cabeças enquanto fiavam e cantavam. Muitos destes lugares têm nomes associados às fadas tecelãs ou ao fuso e roda de fiar. Na Irlanda conta-se que várias colinas e ilhas foram cridas pela anciã Cailleach, que levava pedras no seu avental e as espalhava a seu gosto pela terra. Essa ligação entre seres sobrenaturais, menires e locais de poder telúrico levou à sua “demonização” pela igreja cristã, que as denominou de “pedras do diabo”, onde as bruxas teciam suas maldições e feitiços malígnos.
A aranha é vista como uma intermediária entre o céu e a terra, no seu trabalho infinito de fiar, capturar, desfazer e renovar sua teia, por isso ela simboliza a alternância das forças que sustentam a estabilidade cósmica. Jung a considerou símbolo do Self, a parte da personalidade que inclui e integra o subconsciente e o consciente, o claro e o escuro, a luz e a sombra. Em vários mitos a deusa criadora aparece como aranha: A Mulher Aranha dos índios hopis e navajos, as deusas lunares da Indonésia, as guardiãs do tempo e do destino da Índia e a deusa da morte dos Mares do Sul.
Os círculos sagrados femininos – como a Teia de Thea – têm como objetivo principal a formação e sustentação de uma teia feminina de conexão e de reverência à sacralidade feminina, cujos fios estão sendo tecidos, fortalecidos e renovados permanentemente por todas aquelas mulheres que se dispõem celebrar, honrar e servir à Deusa sob Suas inúmeras faces e manifestações. Esse serviço deve ser feito sem qualquer apego aos resultados e frutos dos seus esforços, assim como também as antigas tecelãs cumpriam apenas a sua tarefa ancestral visando o bem estar das suas comunidades.
Para servir precisa abrir o coração com a vontade de contribuir com a beleza, a plenitude e a alegria do trabalho bem feito, em benefício de outras irmãs e da Terra, oferecendo à Deusa a sua gratidão e o seu amor, sem esperar em troca reconhecimento, recompensas ou sucesso, com a certeza de ter cumprido a sua missão espiritual e evolutiva nesta encarnação.

A Deusa, as abelhas e o mel

Mirella Faur

Em vários países do mediterrâneo foram encontrados vestígios de antigos cultos (3000 a.C.) de uma Deusa das Abelhas, mas sem que sua exata identidade fosse conhecida. Gravações em tábuas votivas das escavações do templo cretense de Phaistos representam a Deusa como uma abelha, com cabelos trançados como serpentes e com um bico de pomba, combinando assim traços característicos de Athena, Ártemis, Afrodite e Medusa. Desenhos nas paredes do palácio de Knossos corroboram para comprovar a existência de uma Deusa das abelhas na antiga Creta minóica.
A Deusa cultuada na Anatólia (Ásia menor, 3500-1750 a.C.) era representada usando uma tiara em forma de colméia; o mel era considerado sagrado e usado para embalsamar os mortos enterrados em posição fetal em vasos chamados pythoi. ”Cair no vaso com mel” era a metáfora usada para morrer e o pythos era o ventre da Deusa na sua manifestação como Pandora, a Doadora, cuja essência sagrada era o mel.Vários mitos descrevem a restauração da vida após a morte com o auxílio do bálsamo de mel da Deusa. Deméter era chamada de Mãe Abelha e no seu festival Thesmophoria, reservado apenas às mulheres, as oferendas (mylloi) eram constituídas de pães de mel e gergelim em forma de órgãos sexuais femininos.
O símbolo de Afrodite do Seu templo em Eryx era um favo de ouro e Suas sacerdotisas eram chamadas Melissas, assim como também as que serviam nos templos de Deméter, Ártemis, Rhea e Cibele, nos cultos da Grécia, Roma e Ásia menor. Essas sacerdotisas exerciam funções oraculares, se alimentavam apenas com pólen e mel e recebiam o dom de falar a verdade da Deusa Abelha, que a sussurrava nos seus ouvidos.
As abelhas eram consagradas à Deusa desde a antiga civilização matrifocal de Çatal Huyuk (Anatólia) e aparecem nos mitos gregos como “pássaros das Musas”, atraídos pelo aroma das flores do qual preparavam o mel, considerado um néctar divino. Acreditava-se que as abelhas eram almas das sacerdotisas que serviram às deusas Afrodite e Deméter, acompanhando a passagem das outras almas entre os mundos.
O nome científico da classe das abelhas – Hymenoptera – que significa “asas de véu” refere-se ao hymen, o véu que ocultava o altar interno nos templos da Deusa, assim como sua contraparte no corpo da mulher, que é a membrana que veda a entrada para o seu santuário íntimo. A defloração era um ato sagrado realizado com a bênção da Deusa no seu aspecto de Hymen, a padroeira da noite de núpcias e da lua de mel, que tinha a duração de um ciclo lunar e menstrual. O noivo podia acessar a fonte de vida tendo relação sexual durante a menstruação da noiva, momento muito sagrado e poderoso.
No tantrismo o mito relata o batismo ritual (Maharutti) do deus Shiva no sangue menstrual da deusa Kali Maya, sua mãe e consorte, obtendo assim virilidade e poder. A combinação de sangue menstrual com mel era considerada antigamente o elixir sagrado da vida, o néctar criado por Afrodite e ingerido pelos seus sacerdotes e adeptos. Afrodite era reverenciada como a Mãe Criadora ancestral, regente da vida e da morte, do amor e da beleza, do tempo e do destino, conforme comprovam seus múltiplos aspectos como Asherah, Astarte, Inanna, Mari, Moira, Marina, Pelagia, Stella Maris, Hymen, Vênus, Urânia.
Na cosmologia nórdica o néctar de inspiração, sabedoria, magia e vida eterna era uma combinação de mel e do “sangue sábio” contido no caldeirão do ventre da Mãe Terra. Distorções patriarcais atribuíram em mitos posteriores a origem deste hidromel ao sacrifício de um deus pouco conhecido, Kvasir, formado do cuspe fermentado dos deuses e de cujo sangue misturado com mel formou-se o “elixir da inspiração” (uma clara analogia e adaptação da sua verdadeira origem, o sangue menstrual). No mito finlandês o heroi Lemmin Kainem, oferecido em sacrifício e enviado para o mundo subterrâneo da Deusa da morte Mana, foi ressuscitado pela sua mãe com a ajuda do mel mágico trazido pela sua protetora espiritual Mehilainem, a Abelha. Antigas seitas cristãs celebravam um rito de amor que incluía a ingestão da mistura de mel com sangue menstrual, para fins de renovação e renascimento.
O mel era valorizado tanto pelo seu aspecto sagrado, quanto por ser nutridor e preservador, como bactericida. Junto com o sal eram os únicos conservantes do mundo antigo e considerados agentes de ressurreição e transmutação. As abelhas eram símbolos do poder feminino da natureza, que criavam este produto doce e mágico e o guardavam em favos com estrutura hexagonal. O hexágono era considerado pela escola Pitagórica uma expressão do espírito de Afrodite (uma dupla deusa tríplice) e as abelhas reverenciadas como criaturas sagradas, que sabiam como formar hexágonos perfeitos. Nas suas práticas espirituais os adeptos de Pitágoras meditavam fixando a mente na estrutura geométrica do triângulo, do hexágono e dos ângulos de 60°, para compreender melhor os mistérios da simetria cósmica.
No folclore, as abelhas eram associadas tanto com a vida, quanto com a morte. Se abandonassem sua colméia, isso era um presságio nefasto para o dono; em caso de morte de alguém da propriedade, as abelhas deviam ser “avisadas” e imploradas para não irem embora, suas colméias sendo viradas depois na direção contrária à casa. Sonhar com um enxame de abelhas era prenúncio de desavenças e azar, mas o mel nos sonhos era um bom augúrio. Na Irlanda as pessoas compartilhavam seus projetos às abelhas por considerá-las mensageiras dos deuses, assegurando assim a prosperidade. Frases como “pergunte às abelhas que elas sabem” ou “use a sabedoria das abelhas” são comuns nas Ilhas Britânicas. A santa católica Gobnait (adaptação cristã de um aspecto da deusa Brigid) salvou sua paróquia de uma invasão segurando uma colméia nas mãos, o enxame de abelhas cercando e cegando os bárbaros.
No seu aspecto transcendental, as abelhas representam imagens da interconexão sutil e milagrosa da vida. A intrincada estrutura hexagonal, que guarda a dourada essência da vida, é uma equivalente da teia invisível da natureza que coordena todas as criaturas e coisas em um padrão harmonioso. O movimento incessante das abelhas para polinizar as flores e extrair seu néctar para ser transformado em mel, é um exemplo para os humanos trabalharem continuamente, para colherem os frutos dos seus esforços e transformá-los em sustentação e comemoração (os zangões são mortos após a dança nupcial com a abelha rainha por serem preguiçosos e comilões!).
Em um selo de ouro encontrado em um túmulo cretense de 4000 anos atrás, a Deusa e Suas sacerdotisas vestidas como abelhas aparecem dançando junto. A Abelha Rainha, cuidada e nutrida por todas as suas súditas, era a representação neolítica da própria Deusa; o zumbido das abelhas era visto como sendo a transmissão da voz da Deusa. O mel tinha um importante papel no ritual do Ano Novo minóico, que começava no solstício de verão, quando a estrela Sirius nascia junto com o Sol, momento mágico que assinalava o início da colheita de mel das colméias escondidas nas florestas e grutas. Fermentado, o mel virava hidromel, bebida sagrada usada em celebrações e rituais.
Os túmulos em Micenas tinham forma de colméias, assim como também era a pedra sagrada do templo oracular de Delfos, omphalos, que representava o umbigo do mundo. Mesmo depois deste templo inicialmente consagrado a Gaia ser dedicado a Apollo, a função orácular era sempre exercida por uma sacerdotisa – Pythia, chamada de Abelha Délfica. As colméias serviram de modelo para vários templos da antiguidade; o templo egípcio da deusa Neith era conhecido com “a casa das abelhas”, o mel servindo como símbolo de proteção e usado na consagração das fundações e no embalsamento dos faraós.
Uma imagem da deusa Maat a representa como abelha com grandes asas e segurando um pote com mel, augúrio do renascimento. A estátua de Ártemis de Éfeso, considerada uma das sete maravilhas do mundo antigo, tinha inúmeras protuberâncias no seu corpo, cuja natureza não foi elucidada. Uma das teorias as considera seios, daí o nome de Ártemis com mil seios, outras teorias as vêem como frutas de palmeiras, berinjelas, cachos de uvas, ovos de avestruz, bolsas para amuletos ou cornucópias. Mas também podem ser interpretadas como os ovos que a Abelha Rainha deposita diariamente nos favos, Ártemis sendo vista como a representação da Deusa Abelha, cujo dom era gerar continuamente a vida e consagrar a morte como uma etapa que antecedia a ressurreição.
Atualmente bilhões de abelhas estão morrendo no mundo inteiro, sem que seja encontrada uma causa ou explicação, além da evidente e crescente poluição do meio ambiente e a destruição das espécies vegetais. A crise é um alerta global, pois sem abelhas diminuirá cada vez mais a polinização e a humanidade ficará privada de frutas e verduras, aumentando assim as ameaças da fome mundial.
Como mulheres que cultuam e reverenciam a Deusa, precisamos lembrar e refletir sobre a importância – mítica e mágica – do mel e das abelhas, consagrados à Deusa nas Suas várias manifestações das culturas matrifocais. Devemos honrar e invocar as bênçãos da Deusa Abelha com cantos, música, danças, oferendas de mel e orações, pedindo sua clemência para evitar a extinção das Suas súditas no planeta Terra.

A Senhora do mar

Mirella Faur
“...Sou a estrela que surge do mar, o mar do crepúsculo,
Trago aos homens os sonhos que regem os seus destinos
Trago as marés do sonho às almas dos homens
As marés que fluem e refluem e tornam a fluir,
As silenciosas marés íntimas que governam os homens;
Elas são o meu segredo e pertencem a mim...”

A sacerdotisa do mar – Dion Fortune

O mar engloba as misteriosas origens da vida, que, após inúmeras transmutações e percursos, para ele volta no final do seu ciclo. Desde o instante em que nascemos do líquido salgado do ventre materno, até quando os nossos pulmões se preenchem com os fluidos corporais no momento da morte, somos um receptáculo para o caminho da água, o nosso mais precioso e sagrado presente. Desde a antiguidade o mar simbolizou vida, magia e mistério, sendo o berço da própria vida, pois ele existiu desde o começo dos tempos, antes que a terra fosse formada.
Em muitas culturas a primeira imagem do mundo era de um oceano, ilimitado, indefinido e eterno, pleno de energias que podiam criar as variadas formas da vida. O primeiro estágio do mundo era descrito como uma massa aquática inerte, da qual emergiram a Terra, o céu e todos os seres. O mar primordial, informe, escuro e silencioso representava um modelo para o caos, que existia antes da criação e uma metáfora para o líquido amniótico que sustentava a vida.
Os povos antigos respeitavam o mar como uma força criadora e nutridora, mas também temiam o seu poder destruidor. O mar detinha segredos e mistérios, suas profundezas ocultavam seres sobrenaturais - benéficos ou não - e divindades que moravam em palácios repletos de riquezas e tesouros. As lendas sobre os tesouros enterrados no fundo do mar na realidade são as reminiscências das antigas lendas sobre as divindades que governavam a fertilidade representada pela riqueza da fauna e flora aquáticas.
A Deusa se manifesta em todos os elementos, Ela é a Mãe Terra, o Sopro da Inspiração, a Senhora das Chamas, mas o elemento em que A encontramos mais facilmente é a água, pois assim Ela está presente em todos nós. A vida começou no mar e o nosso corpo guarda esta lembrança no líquido amniótico, nas lágrimas, no sangue, nas células e nos fluidos corporais. Nossos ventres e nossas emoções respondem ao chamado das marés e da Lua e retornaremos ao ventre primordial seguindo o eterno fluir do tempo, do seu inicio até o fim. A Grande Deusa é a quintessência fluida formada das águas, as celestes e as subterrâneas (onde pertencem os córregos, riachos, rios, cachoeiras, fontes, lagos, mares), em cujo ventre a vida se formou como se fosse um peixe.
A Mãe do Mar aparece de várias formas, às vezes Ela é escura e profunda como o vazio primordial onde a vida apareceu primeiramente. Outras vezes Ela brinca e ri com as ondas na areia, brilha com a luz do Sol ou da Lua ou se enfurece e rodopia com o rugido da tempestade. A sua presença foi louvada e honrada em inúmeras canções e poemas, apareceu em mitos, histórias, contos e lendas em vários lugares do mundo. Dion Fortune - escritora, ocultista e sacerdotisa da Deusa - vê o mar como “origem de todos os seres, a vida nela aparecendo como uma onda silenciosa que segue seu rumo e volta para recolhê-la no final.”
Ao longo dos milênios a Mãe do Mar recebeu muitos nomes e representações, Ela era a Grande Deusa cujas marés seguiam as fases da Lua e que foi vista como Tiamat, o dragão das profundezas, Atargatis e Derceto, deusas sírias com caudas de peixe e regentes da fertilidade, equivalentes das deusas venusianas Astarte e Ishtar, Ísis e Maria adoradas como Stella Maris, a Estrela do Mar ou Iemanjá, a nossa Mãe das águas.

A Mãe do Mar como “Senhora dos peixes” tem uma origem muito antiga, foram encontradas esculturas de uma deusa–peixe datadas de 6000 a.C. no sitio arqueológico de Lepenski Vir na antiga Iugoslávia, indicando um culto exclusivo de moças, que nos períodos de seca ou enchente se ofertavam à Deusa - deixando-se levar pelos redemoinhos do rio Danúbio - para implorar Sua benevolência.
Na Grécia existiam antigos cultos da Senhora da navegação e da Mãe das criaturas marinhas que tinham vários altares. A Mãe do mar é um emblema universal do nascimento e renascimento, reproduzido nas religiões patriarcais de maneira oculta e simbólica pelo batismo e a pia batismal. O peixe é totem da Deusa Mãe e aparece como sua montaria ou emblema, estilizado como yoni, símbolo do órgão sexual feminino, uma imagem central do ventre nos mitos de fertilidade e renascimento, adotado depois como símbolo cristão (por ter sido considerado Cristo o pescador das almas).
No mito babilônio da criação o primeiro ser foi Tiamat, Mãe de todos os deuses e detentora das tábuas dos destinos, que se apresentava como uma grande serpente – ou dragão- e regia as águas salgadas dos mares. Fecundada pelas águas doces pertencendo ao seu amado Apsu, do seu imenso ventre nasceram todas as formas de vida, perfeitas e monstruosas, até que no final nasceram os deuses. Após um tempo, os filhos divinos se revoltaram contra seus pais, mataram Apsu e o primogênito Marduk despedaçou Tiamat, criando das metades do seu corpo o céu, a Terra e todas as águas.
Mari significava mar e ventre na tradição suméria, Afrodite Mari era conhecida como a Mãe de todos, nascida do mar e Criadora da essência da água. Como
Afrodite Pandemos é representada cavalgando um golfinho e foi reverenciada na Síria como Atargatis. A Mãe primordial grega era Rhea, que separou os elementos sólidos e líquidos do abismo primordial e criou assim a Terra e o mar. Tetis, descrita como a Grande Rainha grega do oceano, filha de Gaia e Urano, chamada de Mare Nostrum pelos romanos, era mãe de 6000 filhos, suas 3000 filhas sendo as Ocêanides. Depois da revolta e vitória dos deuses olímpicos sobre as divindades pré-helênicas, a regência do mar foi conferida a Posêidon. Para poder governar ele teve que casar-se com a regente ancestral do mar, a deusa Anfitrite, que continuou governando as profundezas do mar, enquanto Posêidon dirigia sua carruagem na superfície das ondas, acompanhado pelas ninfas marinhas, as Nereidas.

Na mitologia celta a deusa Fand também regia as profundezas do mar, enquanto seu marido Manannan Mac Lyr navegava na superfície. O casal de gigantes nórdicos Ran e Aegir era temido pelos navegantes, que lhes pediam proteção fazendo oferendas e orações, para evitar que as tempestades levassem seus barcos para as moradas divinas do fundo do mar. Suas filhas, as Donzelas das Ondas em número de nove eram as mães do deus Heimdall, o guardião de Bifrost, a ponte do arco-íris da mitologia nórdica. Temu era o nome egípcio do vazio uterino cósmico e primordial, do qual foram criadas as divindades e os mundos.
Na China existe a lenda de uma moça - Lin Mo Ning - cujas qualidades extraordinárias de devoção a Kwan Yin, a sua bondade e as curas milagrosas por ela realizadas lhe permitiram a iluminação e ascensão. Aos 28 anos ela foi elevada para o céu em uma nuvem dourada e se transformou em um arco-íris, equivalente chinês do dragão e símbolo de cura e boa sorte. Ela foi deificada e tornou-se Mat-su ou Mazu, a deusa do mar reverenciada até hoje em inúmeros templos a Ela dedicados, como protetora dos barcos nas tempestades e das pessoas nas inundações.
O mito de Sedna, deusa do mar dos inuits - Senhora dos animais marinhos, Doadora da fertilidade - retrata a trajetória mítica de uma jovem mortal passando por decepções afetivas e filiais. Ao ser sacrificada pelo seu pai (para ele se salvar) representa o caos seguido pela abundância, pois ao mergulhar nas profundezas do mar, a jovem Sedna se transformou na mãe arquetípica fornecedora do alimento para o seu povo.
Na África a regência do mar é dividida entre Olokun (que aparece ora como orixá masculino, ora como feminino) e Yemayá ou Iemanjá, também honrada como Iyá Mo Ayé, a Mãe dos mundos, Criadora do céu e do mar. Originariamente Iemanjá era divindade das águas doces, regente do rio Ogum, associada à fertilidade das mulheres, maternidade, criação do mundo e continuidade da vida. Por ser regente do plantio e colheita (dos inhames) e da pesca, seu nome ficou Yeyé Omo Ejá, a “Mãe dos filhos peixes”. Nas representações míticas e nas várias imagens seus poderes - gerador e nutridor - são revelados pelos seios fartos e as ancas largas. Nos mitos Ela aparece como uma Grande Mãe, protetora das cabeças dos mortais, generosa nas suas dádivas e representando os diversos papéis da mulher: mãe, filha, esposa, irmã.
Na transposição para o Brasil foi transferido para Iemanjá a regência do mar, que na África pertencia a seu pai ou mãe, Olokun, pois segundo conta uma lenda “ as lágrimas derramadas pelos escravos na travessia do oceano salgaram as águas doces de Iemanjá”. Mas mesmo considerada orixá do mar, Iemanjá continua sendo saudada no Candomblé como Odo Iyá, Mãe do rio, da qual sua filha Oxum herdou o domínio das águas doces. Outro aspecto de Iemanjá no Brasil é relacionado à sua denominação de Rainha do mar, que a associa à figura da sereia, de origem africana (as três sereias de Angola: do mar, do rio e da lagoa) e européia (dos mitos gregos, celtas, e nórdicos). Como divindade marinha Iemanjá tem um papel duplo: de mãe que controla as marés e propicia a pesca, e também de sereia sedutora e sensual que atrai o pescador ou o navegante para as profundezas do mar.
Concebida popularmente como a Mãe propiciadora de saúde, prosperidade e boa sorte, além de garantir sanidade, equilíbrio e clareza mental como “dona das cabeças”, Iemanjá aos poucos foi perdendo seus atributos originais de divindade guerreira e mulher sensual dos mitos africanos e foi sendo ampliado o seu papel de deusa mãe. À medida do fortalecimento do seu papel materno, Iemanjá foi sendo aproximada da figura de Nossa Senhora com quem Ela é sincretizada em Cuba e Brasil e suas festas comemoradas de acordo com o calendário católico (como Nossa Senhora das Candeias na Bahia, do Carmo no Recife, dos Navegantes no Rio Grande do Sul, da Conceição em São Paulo).
Aos poucos Ela foi assumindo novos aspectos iconográficos trocando seus traços africanos por características européias e sendo retratada como uma mulher branca, com longos cabelos negros e lisos, de vestido azul com cauda, caminhando sobre as ondas do mar, espalhando rosas brancas e usando uma tiara em forma de estrela, aparecendo assim como a própria Stella Maris. Na Umbanda foi atribuída à Iemanjá a chefia de falanges de “caboclos e caboclas do mar”; associada a diferentes Mães d’Água indígenas foi sendo chamada de Iara, a Mãe d’Água ou Senhora Janaina. Seus atributos de sedução e sensualidade foram transferidos para uma entidade complexa e controvertida - Pomba Gira - e realçados apenas os atributos maternos e protetores. Na Santeria cubana Iemanjá é sincretizada com La Virgem dela Regla e retratada como uma Madona Negra, protetora dos navegantes.
A crescente participação da população nas Suas festas nas praias brasileiras - principalmente nos dias 31 de janeiro e 2 de fevereiro - tornou Iemanjá o orixá mais popular e reverenciado no Brasil, não somente pelos adeptos de Candomblé e Umbanda, mas pela sociedade como um todo.
Transcendendo as tradições afro-caribenhas que deram origem aos cultos modernos, Iemanjá é cultuada atualmente pelos círculos sagrados femininos, os adeptos dos grupos da tradição Wicca e neo-pagãos, nos Estados Unidos e no Brasil, como uma Deusa Mãe. Apesar das suas modificações ao longo do tempo e espaço, os atributos de amor e nutrição que Iemanjá traz para seus adeptos são prova do seu poder milenar como protetora das crianças, mulheres e famílias. Enquanto Olokum detém os poderes de destruição subindo enfurecida das profundezas do mar, Iemanjá rege em contrapartida a superfície e a calmaria. A suavidade da filha pode acalmar a fúria da mãe, pois ambas representam os ciclos de mudança: dar a vida, proteger, abrigar, nutrir, transformar ou dar-lhe o fim. Com a ajuda de Iemanjá podemos superar as marés e mudanças na nossa vida e buscar a tranqüilidade mesmo no meio da tempestade.
Os mitos da Mãe do Mar refletem o mundo natural ao nosso redor e principalmente o poder do oceano, que inspira respeito e medo pela sua força destruidora como vemos nos tsunamis, tufões e maremotos. A mutabilidade do mar nos ensina como buscar o equilíbrio e a conciliação dos opostos na nossa própria natureza, alternando a ação e a quietude, a aceitação da dor e da alegria, as fases de tumulto ou de estagnação.
Ao longo dos séculos os seres humanos lidaram com os desafios do mar e por isso o reverenciavam por saberem que estavam à mercê das suas forças. Mas agora, pela primeira vez na história da humanidade, os homens têm o poder de envenenar as suas águas, de matar sem discernimento ou necessidade os seres vivos que nele habitam. Para continuarmos a receber as bênçãos e dádivas da Mãe do Mar precisamos nos envolver em alguma atividade ecológica para impedir a destruição dos recifes de corais, a extinção das espécies marinhas, a poluição pelos resíduos industriais e domésticos. Precisamos honrar a Mãe do Mar e lhe pedir compaixão e generosidade para o nosso renascimento, nos elevando da cobiça, violência, falta de respeito e compaixão com os outros seres para a harmonia, o convívio pacifico e a serenidade, exterior e interior.
“Devemos nos lembrar de que o nosso espírito nos leva de volta para a água, pois ele flui no pulsar do rio e retorna para o mar onde a vida começou. Nossas almas são pesadas com tanta dor e decepção e difíceis de carregar, mas nós pediremos ao rio levar nosso peso para o mar e oraremos ao mar lavar e renovar os nossos espíritos. Nossas lágrimas de dor e tristeza lavam nossas almas e nos libertam de tudo o que nos atordoa, removendo as marcas de sofrimento. Levantemo-nos radiantes e sigamos em paz, pois o nosso espírito foi lavado pelas ondas do mar e por elas renovado”.
Adaptado do “Book of Daily Prayer for Today’s Changeable World”

sexta-feira, 2 de março de 2012


IYÁ MI
Mãe destruidora, hoje te glorifico:

“O velho pássaro não se aqueceu no fogo.
O velho pássaro doente não se aqueceu ao sol.
Algo secreto foi escondido na casa da Mãe...
Honras à minha Mãe!
Mãe cuja vagina atemoriza a todos.
Mãe cujos pêlos púbicos se enroscam em nós.
Mãe que arma uma cilada, arma uma cilada.
Mãe que tem potes de comida em casa.”

As mães são compreendidas como a origem da humanidade e seu grande poder reside na decisão que tomar sobre a vida de seus filhos. É a mãe que decide se o filho deve ou não nascer e, quando ele nascer, ainda decide se ele deve viver. A mulher, especialmente nas sociedades antigas, tinha inúmeros recursos para interromper uma gravidez. E, até os primeiros anos de vida, uma criança depende totalmente de sua mãe; se faltarem seus cuidados a criança não vinga. Em síntese, todo ser humano deve a vida a uma mulher. Se todas as mulheres juntas decidissem não mais engravidar, a humanidade estaria fadada a desaparecer. Esse é o poder de Iyá Mi: mostrar que todas as mulheres juntas decidem sobre o destino dos homens.

“Mãe todo-poderosa, mãe do pássaro da noite.
Grande mãe com quem não ousamos coabitar
Grande mãe cujo corpo não ousamos olhar
Mãe de belezas secretas
Mãe que esvazia a taça
Que fala grosso como homem,
Grande, muito grande, no topo da árvore iroko,
Mãe que sobe alto e olha para a terra
Mãe que mata o marido mas dele tem pena.”

O Uso da Saia

A SAIA ponte de conexão com a criatividade

 

A natureza da mulher permite com facilidade estar conectada com a energia da Grande Mãe, com a Mãe Terra e com o poder do sagrado feminino e através de tudo isso com a energia sexual.
 A energia sexual é um fluxo com um grande poder que nos une a matéria; se a soubermos dominar e usa-la a nosso favor ela nos concedera um enorme poder, pois é esta mesma energia a criadora da ilusão, do que conhecemos como real, como mundo-matéria. O chacra que cria a ponte de conexão com a energia sexual ou da mãe Terra é o chacra raiz.
 A prática, o domínio e o trabalho com este centro energético permite-nos reactivar o poder dentro de nós mesmas, para poder usar a matéria. A mulher possui em grande medida todo este poder, mas por ignorância temos bloqueado este centro de energia ao ponto de quase faze-lo desaparecer e por conseguinte muitas coisas se colocam em risco e em caos. Ao estar bloqueada esta ponte de conexão de onde se extraí a energia necessária para manter o sistema, a ilusão ou matéria numa ordem perfeita como criadores, tendo o controlo da nossa criação, se anula toda a possibilidade de domínio de tudo o que anteriormente foi mencionado e o corpo físico também começa a descompor-se, a alterar-se e a estar em desequilíbrio e por efeito boomerang todo o mundo exterior também.
A mulher desde a pré-história permite uma conexão total, uma ponte permanente, entre o chacra raiz e a área sexual feminina, tendo assim o fluxo de energia activado constantemente.
Os antigos sacerdotes Atlantes, Egípcios, assim como Jesus, Buda entre outros, usavam saias, permitindo a comunicação constante e o fluxo desta energia entre a terra e a sua área sexual, a mesma que lhes conferia poder; mesmo nos dias de hoje os sacerdotes e outras gentes que usam o poder usam saias, para ter esta ponte energética activa. A mulher moderna não tem ideia do faz com o uso das calças: esta a bloquear por completo o passo da energia da Deusa (da Terra) para o útero, que é onde se pode criar tudo com o uso e o foco mental e assim ter mais poder sobre o externo e interno.
É necessário que a mulher regresse ao uso da saia, para que comece a curar dia a dia essa ponte e fazendo com que o seu chacra raiz este firme, pleno e poderoso, brilhante para um poder maior e de esta maneira levantar a energia kundalini, para o seu próprio bem e do planeta.
Uma mulher que usa (constantemente) calças sentira dificuldade para activar esta energia da kundalini, a energia sagrada sexual que habita nela, para a sua própria cura e despertar; a meditação só poderá ajudar a reconexão dos chacras superiores, trabalhando apenas a energia masculina do Pai, do Deus.
Quando uma mulher usa saia facilita a importante conexão entre a energia da Mãe ou Deusa e a sua área sexual, que é o centro de criação, formação e poder feminino. Então esta energia concentra-se, dando a mulher a oportunidade de usa-la de forma ilimitada para qualquer coisa, entre elas curar pessoas, prever o futuro, curar-se a si própria, canalizar, harmonizar, dominar, guiar, materializar. Isto acontece com o fluxo da energia que se consegue através da saia.
A mulher actual não tem ideia daquilo que activa, da quantidade de energia que move quando usa saia. Dependendo do tipo de saia, a energia será sexual, jovial e de vitalidade ou sagrada e guia de luz. Com uma saia rodada e comprida a conexão com a terra é como uma espécie de túnel fechado que permite mais capacidade e sabedoria. Além disso quando uma mulher veste uma saia tem mais admiração, respeito, atracção e magia sobre os que a rodeiam, apesar de não sermos conscientes disso. (…)

Fonte:
COPIADO  DO BLOG: http://amirola.obolog.com/uso-de-la-falda-629730.

Escrito por: Verónica Herrera, Lorena Herrera e Abril

Traduzido e adaptado para português por: Aida Suárez

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012


O DESPERTAR O EU...

“…o Eu existe apenas num estado de potencialidade latente – 
ao longo da maior parte da nossa vida, ele permanece
 adormecido dentro de nós e tem de ser devidamente 
despertado a fim de se tornar o factor orientador das
 nossas vidas. Este despertar do Eu é como um 
nascimento – em termos míticos, o nascimento da criança divina.(…)

Nenhum de nós pode ter experimentado o nascimento do Eu sem se ter confrontado, intrépida e honestamente, com a Sombra e, em última instância sem a ter abraçado como parte de si próprio. A Mãe da Discórdia está sempre à nossa espera, segurando o espelho da nossa natureza mais sombria e revelando-nos uma velha irada manchada de sangue e com presas.
Só depois de a termos olhado no rosto, de nos termos visto nos seus olhos (e através deles), e de a termos reconhecido como parte da nossa totalidade é que podemos avançar para as águas mais profundas da Fonte da Memória. A Mãe da discórdia obriga-nos a trabalhar em silêncio espiritual que não é mais que uma morte e um renascimento. Não admira, portanto, que a Deusa das Trevas, em todas as culturas, seja a que procede à nossa iniciação matando as nossas ilusões."

Fonte:In A RODA DA LUA de Marguerite Elsbeth & Kenneth Johnson//Blog Mulheres e deusas

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012


Ritual para a purificação da aura

Após silenciar sua mente e aquietar seu coração, permita que sua voz interior lhe “fale”. Escreva em um papel tudo aquilo que estiver percebendo e sentindo, deixando fluir livremente as palavras, sem interferir com argumentos racionais ou lógicos. Coloque o papel em seu altar (ou em um lugar resguardado), acenda uma vela roxa e, antes de dormir, ore e peça à Deusa da Lua Escura que lhe revele outras “sombras” suas que precisam ser transmutadas.

Ao acordar, escreva no mesmo papel algum sonho, sensação ou emoção que esteja guardado em sua memória. Repita o mesmo procedimento pelos próximos três dias. Procure depois um lugar seguro na natureza e cave um pequeno buraco no chão. Deite-se de barriga para baixo e fale dentro do buraco tudo aquilo que escreveu, sentiu, percebeu, dando vazão às suas emoções (chorando, gritando ou até mesmo tossindo e cuspindo). Rasgue o papel em pedaços e enterre-os dentro do buraco, cobrindo-o com folhas secas e fechando-o em seguida.
Peça à Gaia, a Mãe Terra, que receba e “recicle” seu lixo pessoal, transmutando-o em “adubo” para seu fortalecimento e sua proteção pessoal. Conecte-se em seguida com as forças da Natureza – Sol, Lua, planetas, nuvens, vento, chuva, terra, água, árvores, pedras, plantas, animais – e faça algumas respirações profundas, absorvendo a força e o poder que elas têm. Depois, visualize ao seu redor um invólucro de luz branca que se adere à sua aura como um manto de proteção.
Abençoe-se com um símbolo de proteção (pentagrama, Ankh, runa Algiz) e agradeça à Gaia, oferecendo-lhe um punhado de fubá ou algumas sementes em sinal de gratidão. Volte para casa e tome um banho de ervas aromáticas (infusão de folhas de alecrim, manjericão, verbena) com um punhado de sal marinho.
Se preferir, ao invés de realizar este ritual ao ar livre, você pode queimar o papel em casa mesmo, utilizando um caldeirão de ferro, três pastilhas de cânfora e um punhado de ervas secas (arruda, guiné, eucalipto).
Fonte: Mirella Faur